Ouço-te em tua ausência,
E dizes o que mais quero ouvir
Nisso pergunto a mim mesmo
Se o que dizes sou eu a me mentir
E tu falas de encanto e alegria,
De cores e primaveras a porvir
E eu me perguntando em poesia
Se o que dizes sou eu a me mentir
Olho aos redores de meu espaço
Nas calçadas, avenidas o ir e vir
Mas o que vejo sou eu num descompasso
Me dizendo o que eu necessito ouvir
E julgo meus pensamentos enganadores
E me irrito com este estado febril
Mas quando fecho os olhos, novamente
Ouço-te, eu me dizendo, o que tu jamais sentiu
E vejo-me dividido nestas vozes
Em palavras que me atravessam o pensamento
E o que me resta é rogar que tais acordes
Se calem sequer por um momento.