domingo, 28 de março de 2010

Pedaços



Por vezes me desfaço

em pedaços estranhos

pedaços diferentes

em diferentes tamanhos

Ora um pedaço é branco

outro pedaço é preto

um pedaço tem sede

outro pedaço é branco e preto

Por vezes me desfaço

em pedaços sombrios

enquanto um pedaço se aquece

outros sentem frio

enquanto um pedaço deseja

outro reclama

enquanto um pedaço odeia

há outro pedaço que ama

Por vezes me desfaço

em vários pedaços

pedaços macios

pedaços inquietos

pedaços arredios

Me divido em pedaços escassos

outros cheios, alegres

outros pedaços tristes

deprimidos e não sorridentes.

Por vezes me vejo em pedaços

alguns revoltados, vingativos

enquanto outros pedaços

querem paz, querem preencher vazios.

Por vezes eu sou pedaços

ora pecaminosos, criminosos

ora heróis destemidos.

Por vezes percebo que se tais pedaços

fossem notas, arranjos ou sintonia

se tais pedaços se juntassem,

resultariam numa estranha sinfonia.

sábado, 6 de março de 2010

Namoro Solitário à Dois


Eu moro só, mas na morada

Que há tempos eu habito

Ao lado mora enamorada

Uma donzela que eu cobiço.


Flores já comprei,

Versos escrevi

Mas aquelas nunca dei

E estes nunca li.


Eu moro só, mas a menina

Que ao meu lado então reside

Com meus olhos não se encanta

E aos meus gestos se resiste.


Chorar eu já chorei

Indiferenças já fingi

Mas daquele me cansei

E destas sucumbi.


Eu moro só, mas por amar

Assim, desesperado

Dorme comigo imaginada

Essa donzela do meu lado.


Dorme comigo imaginada

Faz parte dos sonhos delicados

E por mais que seja inventada

Ela inventa meus prazeres descuidados


Namoro só, assim, enamorado

Mas vivo a dois, com ela do meu lado

Se na vida não conquisto, então real cuidado

Quem me cuida são meus sonhos, cultivados.