sábado, 30 de junho de 2007

Delirium


Ouço-te em tua ausência,

E dizes o que mais quero ouvir

Nisso pergunto a mim mesmo

Se o que dizes sou eu a me mentir

E tu falas de encanto e alegria,

De cores e primaveras a porvir

E eu me perguntando em poesia

Se o que dizes sou eu a me mentir

Olho aos redores de meu espaço

Nas calçadas, avenidas o ir e vir

Mas o que vejo sou eu num descompasso

Me dizendo o que eu necessito ouvir

E julgo meus pensamentos enganadores

E me irrito com este estado febril

Mas quando fecho os olhos, novamente

Ouço-te, eu me dizendo, o que tu jamais sentiu

E vejo-me dividido nestas vozes

Em palavras que me atravessam o pensamento

E o que me resta é rogar que tais acordes

Se calem sequer por um momento.