No espelho, com minhas palmas erguidas
Percebo minhas mãos envelhecidas
Meu corpo se modificara
Aquele que a natureza edificara
É consumido por horas seguidas
Meus pêlos, cuja imagem declina
Perderam suas doses de melanina
E agora se branqueiam feito neve
Sinalizando que a morte está breve
E que minha juventude se elimina
Mues braços, outrora tão viris
Agora só sustentam os remédios dos febris
A medicina não me cura
Enquanto o tempo me procura
Para lançar outra cicatriz
Essa matéria que então se modifica
Com outros animais se identifica
A evolução me tornou forte
Mas depois da reprodução segue-se à morte
Que o biólogo tanto decodifica
E para festejar minha doente condição
Bebo num copo, igualmente em decomposição
Um veneno líquido e amargo
Para abrevir essa vida com o encargo
De quem sabe se eximir da solidão
Escrito por Filipe M. Vasconcelos
Um comentário:
Eis que o tempo tudo muda!!! Eis que as sementes que plantamos exigem de nós todo cuidado para que haja colheita! Cada agricultor sabe da sua tormenta e protege sua plantação contra a geada! Eis que o tempo muda assim como mudamos nós com o tempo! Mas estás certo, se não sonhamos com as flores para que arar a terra, não é?
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