domingo, 19 de abril de 2009

Na Biblioteca


Te ver, é ler

Um livro na biblioteca

E entre tantos por escolher

Tu seres único que me alimenta

 

Te ter, é ser

Um livro na estante

Entre tantos a lhe prender

Eu ser o único que lhe espante

 

E se eu, teu leitor, dispensar algumas páginas

Ou palavras de teu livro

É porque tua obra causa lágrimas

Que por vezes não corrijo

 

E se eu, teu leitor, porventura

Negar de tua escrita um verso

Não é porque nego vossa doçura

Mas porque na minha alma está o inverso

 

E se eu, por fim, abreviar a vida

E a ela dar fim nos pensamentos meus

Não pense que tuas letras não me trouxeram alegria

Pois foram elas que adiaram meu adeus.

4 comentários:

Fernanda Fernandes Fontes disse...

Somos livros em brancas páginas, a escrevermos estórias inúmeras; por vezes, trechos de outras se encaixam perfeitamente aos nossos versos - e outrora, mesmo imperfeitos, ali cabem tb!

É nessas horas que agradeço a existência das letras, das artes! Pois o que nos mantém por essas terras,se não a beleza da criação de metáforas do que não entendemos e jamais conseguiremos explicar?

Bj

Luna disse...

sofres, meu querido. Acho que essa é nossa desgraça, sentir demais. A eterna melancolia do presente e a certeza desta melancolia que permanecerá. Não é à toa que vida de poeta é coisa frágil... como guardar forte tanta coisa dentro dum peito só, sem que ele estoure (lembrando, sempre, drummond)?
a propósito da beleza, linda linda imagem e linda finalização pro seu poema. Amargo, melancólico. E real.
Às vezes tenho vontade de estar entre iguais nesse sentido, sabia?
e esses comentários, tão abertos, desmascarando os pensamentos que a gente tem fundo. A modernidade é definitivamente estranha..

beijo e brigada por me ler tb. É reconfortante ter interlocutores.

Unknown disse...

Tudo bem Filipe? Bem antes de mais nada, agradeço-lhe comentários que você tem feito no meu blog. Quanto às Bibliotecas, depois que li seu poema parei e fiquei pensando há quanto tempo não entro em uma com o intuíto de ter prazer em ler, ultimamente tenho entrado para pesquisas acadêmicas.

Quanto as letras, quão bela arte nos foi dada... Diversas pessoas passam a vida toda esperando a morte para chegarem ao paraíso, eu embora de religião cristã, sinto-me realizado e em um estado de paraíso cotidiano toda vez que leio textos que me fazem refletir, ou me deixam alegre ou me saciam a necessidade de ter experiência artística, como seus ótimos poemas!

E só pra finalizar, é bonito pensar a nossa vida como livro e nossas relações no mundo como uma imensa biblioteca. Lindo isso!

Abraço e até mais!

Talita Prates disse...

Felipe,
obrigada pelo recadinho!
Volte sempre, tá?
Bjão!
Paz.